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Tecnologia e operações

21/06/2024

Inteligência artificial e o futuro dos investimentos

Como a IA pode contribuir com a evolução do mercado financeiro e de capitais no Brasil?

O número de brasileiros investidores evoluiu de maneira acelerada nos últimos anos, mas eles ainda representam apenas 37% da população, de acordo com a pesquisa Raio X do Investidor 2024, feita pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). 

Até bem pouco tempo atrás, a principal fonte de informação sobre o tema, para o público em geral, era a mídia. As análises mais aprofundadas, que subsidiam a decisão de investir ou não em uma ação ou título financeiro de determinada companhia, estavam disponíveis exclusivamente para o investidor profissional. Hoje, bancos, corretoras e casas de análise levam seus estudos a um público bem mais abrangente. 

Outro fator importante, observado recentemente, foi o surgimento dos influenciadores digitais, que contribuíram para a disseminação da cultura de investimentos no país. Nesse movimento, o mercado soube dar respostas rápidas e inovou a oferta, de maneira que o investidor comum passou a acessar fundos e títulos antes restritos a investidores institucionais. 

E a partir de agora, qual é o caminho para que o mercado siga avançando e explorando todo o seu potencial de desenvolvimento?  

A inteligência artificial (IA) pode ter, aí, uma função relevante. Ela já está presente no cotidiano das pessoas, direcionando conteúdo a partir de suas buscas na internet e dos algoritmos das redes sociais. Mas e nos investimentos? 

É aí que pode estar a próxima onda de evolução, de acordo os participantes do Bridgewise AInvest 2024 – Edição Brasil, realizado na Arena B3 em maio pela fintech israelense Bridgewise e B3. “A tecnologia vinculada à decisão de investimento e à educação financeira é uma agenda cada dia mais relevante. É importante prover produtos mais simples, acessíveis, além de informação de qualidade para que as pessoas tomem decisões mais bem-embasadas. Educação e liquidez são dois mantras para nós; além disso, acreditamos que a tecnologia é uma aliada para a democratização do mercado”, disse Gilson Finkelsztain, CEO da B3, na abertura do evento. 

“Estamos entrando em um mundo em que o investimento não tem fronteiras”, disse Thiago Guedes, diretor de Novos Negócios da Bridgewise. Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, reforçou essa visão. “Isso significa dar acesso a aplicações no exterior ao investidor do varejo, à classe média, e a tecnologia está no centro desse processo”, afirmou.  

Para Marcelo Billi, head de Sustentabilidade da Anbima, as novas tecnologias podem empoderar o investidor, apoiando tanto quem ainda vai começar, quanto quem se sente inseguro para construir uma carteira mais saudável e diversificada, entendendo melhor risco e retorno. Podem, ainda, ajudar a aproximar diferentes gerações do mundo dos investimentos. “Para um banco tradicional, como o nosso, elas facilitam o diálogo com a geração Z”, disse Leandro de Almeida, head de Desenvolvimento de Negócios do Banco Safra. 

Como a IA apoia o trabalho do analista  

Thiago Guedes contou que sua empresa usa IA e tecnologia para preencher o gap de conhecimento entre o mercado e o investidor, dando uma dimensão do quanto a inteligência artificial generativa tem potencializado o trabalho do analista, que tem se tornado cada vez mais complexo, em função do volume de informações disponíveis. As etapas tradicionais de destrinchar o balanço, olhar o setor e conversar com a empresa se multiplicaram com a oferta de dados alternativos, que seguem crescendo de forma exponencial.  

A área de Research da XP, por exemplo, usa a IA para revisar e aprimorar o texto das análises e começar estudos mais simples e, como próximos passos, será aplicada na análise de contas, nos modelos de avaliação e na apresentação visual de dados. “Hoje, há um forte impacto dos robôs na negociação de ativos. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 30% do volume negociado é feito dessa maneira, mas a IA ainda engatinha na análise fundamentalista e tem um espaço enorme para crescer”, afirmou Fernando Ferreira, head do Research da XP.

Caminho sem volta 

Para Juliana Nogueira, CEO da Guide Investimentos, o uso da IA torna o trabalho do analista mais preciso. “Com cruzamento de dados históricos dos ativos, dados macroeconômicos e de tendências, podemos antecipar comportamentos de setores ou de determinadas ações, trazendo essas informações para nossos clientes.” 

Outro aspecto que pode fazer toda a diferença, segundo ela, é que a ferramenta facilita a personalização das estratégias de acordo com o perfil de cada cliente. “O desafio é garantir que os dados fornecidos sejam seguros, de alta qualidade e não tendenciosos ou enviesados”, completou. 

Na Ágora Investimentos, em meio à integração da IA, há um esforço para a busca de conhecimento sobre as possibilidades da ferramenta e, ao mesmo tempo, de valorização do papel do analista, que continuará sendo essencial para o ecossistema de investimentos. 

O mesmo tem acontecido na Suno Investimentos. “Os avanços da tecnologia não irão substituir o ser humano, mas sim gerar produtividade para a equipe e comodidade para o cliente”, observou Vitor Montezuma, CFO da empresa. 

Quer saber mais sobre IA e o mercado financeiro? 

Confira o Tech Cast, o podcast de tecnologia da Bolsa. Nesse primeiro episódio, Verônica Pelinson, gerente de governança de TI na B3, conduz um bate-papo com Paula Abrahão, coordenadora de IA aqui na B3, e Gabriel Santos, head de arquitetura de Dados da XP. Na pauta, insights sobre como a tecnologia e a Inteligência Artificial estão revolucionando o mercado e impactando o futuro. 

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